Eu fui melhor que você. Querendo ou não eu sei que você tem uma raiva tremenda guardada em algum lugar do seu peito, ou tem uma foto minha colada na parede que você joga dardos todo dia de manhã antes de ir ao banheiro lavar o rosto. Eu fui melhor que você, assuma. Eu agi sorrateiro e na hora certa. Você é metódico demais, eu sou frio e calculista, planejo todas as minhas ações, mas sei ligar o foda-se e não dar tanta importância. Os seus anos de experiência e seu jeito padronizado de pensar no mundo não foram páreos para minha forma não convencional de viver a vida.
Pois é, essa minha cara de menino perdido, idiota, e esse meu jeito atrapalhado. Você não esperava que eu fosse ganhar. Assuma, você perdeu pra mim. Perdeu um prêmio que eu desfruto, saboreio. Eu vejo no seu olhar o quanto você queria estar no meu lugar. O seu discurso barato, perceptível, quase que tirado do wikipedia ou de livros de romance tipo Sabrina, não chegaram aos pés dos meus comentários idiotas, das minhas investidas certeiras, do meu jeito descontrolado, que pra você não passavam de atitudes e pensamentos infantis.
Chupe o dedo. Morra de inveja, deseje entrar no meu corpo. Observe minhas ações, aprenda comigo, eu não sou um ser abduzido de outro planeta e jogado aqui. Eu sou homem. Eu sei ser homem, sei falar a coisa certa na hora certa. Era pra você saber também. Moço letrado, pós-graduado, poliglota. Te faltou prática, banhos de chuva, colar na prova, jogar bola e estourar o tampão do dedo, ver desenho animado, ficar com calos no dedo polegar de tanto jogar videogame. Te faltaram futilidades necessárias, malandragem. Você é certinho demais. Eu não forço ser o que não sou. Assuma. Você perdeu pra mim, e nesse jogo você não pode resetar, reiniciar, começar de novo.
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