Ela abriu a porta do carro, se sentou e acendeu um cigarro. O vestido era vermelho, decotado e bem curto. O cheiro de fumaça misturava-se ao perfume levemente adocicado que ela usava nesta noite. Se ajeitou no espelho retrovisor, segurou forte minha coxa e me deu um beijo desses de tirar o fôlego e me largou de supetão. Deu um trago longo no cigarro e atirou fumaça pela janela. Tirou o celular da bolsa, viu algumas mensagens, sorriu com o canto esquerdo da boca e o jogou no mesmo lugar. Mudou a estação de rádio pra uma que tocava músicas mais dançantes, cantarolava num inglês errado enquanto olhava despreocupada tudo a seu redor.
Os semáforos pareciam estar programados a fechar todas as vezes que passávamos. Eu estava tranqüilo, nada mais que um frio na barriga. Ela atirou o que sobrou do cigarro pela janela, não dando à mínima pra senhoras recalcadas paradas ao nosso lado num belo e conservado Corcel II. Fingi não me importar e segui adiante sem um destino específico. Estávamos apenas indo, sem saber pra onde. Acelerei forte numa reta pra sentir o vento com mais força, ela apenas fechou o vidro e passou a mão nos longos cabelos loiros.
Nenhuma palavra sequer, já estava agoniado e doido pra quebrar todo aquele silêncio. Ela não me olhava, parecia estar distante, pensativa, pouco se importando se continuaríamos a rodar por longas e intermináveis horas naquela madrugada. Vi um posto de gasolina a frente, encostei e fui até a loja de conveniência. Voltei com duas cervejas abertas e as coloquei no porta-copo. Ela acendeu outro cigarro, pegou uma garrafa e deu uma senhora golada.
- Você sabe que precisamos acabar com isso.
Ela fingiu não me ouvir.
- Luana esta situação já está mais que insuportável, eu já não sei mais o que fazer.
- O que você quer?
- Como assim o que eu quero? Você sabe que isso já foi pro buraco há muito tempo.
Ela tragava o cigarro pausadamente enquanto falava em tom sorrateiro, baixo.
- Me diz o que você quer, eu quero saber.
- Eu quero você, mas você sabe que não dá. Eu tenho uma filha, uma esposa.
- Então acabou, é isso?
- Infelizmente sim.
- Tudo bem Arnaldo, eu imaginei que seria assim, me leve pra casa.
Estranhei aquela atitude, pensava que ela entraria em pânico, gritaria ou sei lá quebraria alguma coisa, mas não, ficou ali parada, quase que estática sem dizer coisa alguma. Retomei a estrada, estava com um amargo na boca, pensando coisas do tipo, porra será mesmo que ela se importava e gostava de estar comigo, ou era apenas mais uma de suas aventuras.
Ela segurou na minha coxa, dessa vez sem muita empolgação, olhando na minha direção de forma que eu dividisse minha atenção entre seus olhos e a estrada. Percebi que uma lágrima descia naquele rosto angelical. Ela parecia estar querendo me dizer alguma coisa, havia um clima diferente, uma sensação estranha, uma tensão. Vi, como que em câmera lenta, sua mão indo em direção ao volante e o fazendo girar, ouvi o som dos pneus cantando, coisas saindo do lugar. Havia sangue, meu e dela, o carro girava forte os misturando, não sentia dor, mas sim medo. Medo de não ter vivido o suficiente e de não a ter deixado viver. Olhei em sua direção, ela sorria, mas não respirava.
ilustração: http://abeloverdrive.wordpress.com/
17 comentários:
vc tem um futuro brilhante!
e aaaah falto o meu nome nos creditos,
to brincando!
=D
beeeeeeeeeeeso meu anjo
Nova aqui. Adorei.Muito bom!
Abraço.
Bem construído. Colocaria tudo em um livro de contos, com certeza eu estaria na fila dos autógrafos.
Abração
nem tudo dá certo.
às vezes somos obrigados a ignorar certas coisas e continuar a viver.
fiquei com medo no final, não gosto de sangue. :-)
beijão téo.
que tenso, hein?
:)
beijoca, val.
A côr do meu batuque
Tem o toque, tem o som
Da minha voz
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...
O velho comunista se aliançou
Ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom
E a expressão da minha côr
Vermelho!...
A côr do meu batuque
Tem o toque, tem o som
Da minha voz
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...
O velho comunista se aliançou
Ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom
E a expressão da minha côr
Meu coração!...
Meu coração é vermelho
Hei! Hei! Hei!
De vermelho vive o coração
He Ho! He Ho!
Tudo é garantido
Após a rosa vermelhar
Tudo é garantido
Após o sol vermelhecer...
Vermelhou o curral
A ideologia do folclore
Avermelhou!
Vermelhou a paixão
O fogo de artifício
Da vitória vermelhou...(2x)
A côr do meu batuque
Tem o toque, tem o som
Da minha voz
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...
O velho comunista se aliançou
Ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom
E a expressão da minha côr
Vermelho!...
A côr do meu batuque
Tem o toque, tem o som
Da minha voz
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...
O velho comunista se aliançou
Ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom
E a expressão da minha côr
(Vermelho!)
Meu coração!...
Meu coração é vermelho
Hei! Hei! Hei!
De vermelho vive o coração
He Ho! He Ho!
Tudo é garantido
Após a rosa vermelhar
Tudo é garantido
Após o sol vermelhecer...
Vermelhou o curral
A ideologia do folclore
Avermelhou!
Vermelhou a paixão
O fogo de artifício
Da vitória vermelhou...(4x)
grande teo.
Cuntinue escrevendo, preciso voltar pra essa vida além do trabalho.
Hey,
que o amor sempre seja amor, por si só né. Adorei vc lá no Delicada e Arredia, mas gostei mais ainda foi de poder chegar aqui e me perder horas nesses contos maravilhosos... de idéias nada miseráveis!
prazer, bjos ;*
você não faz idéia não viu. e não é paixão não. é amor mesmo.
amo demais teo.
Ou loco, esse texto ta muito bom...
Valews a passad lá..
abraços
Que ótimo o texto, muito bom mesmo. Também concordo com o livro de contos!
Bjus
Po Teo...a cada dia que passa fico muito feliz em ver a sua evolução cara, muito bacana o texto cara, retrata um pensamento muito louco das mulheres, bom pelo menos foi o que eu consegui entender, foi o meu ponto de vista, axei muito bom...parabéns meu amigo
as vezes a vida faz com q tomamos decisões, q nem sempre são boas, mas q são decisões!
compreende?
beeeeeso e adooooooooorei o texto
=B
Ótimo conto. Achei o final muito inesperado, ao mesmo tempo em que teve tudo a ver com a personalidade dela, conforme vc a apresentou.
Bjos.
Muito bem programado, depois de tantos "rodeios" um atitude que acabara com tudo!
Gostei!
Oi querido,
Não some não, escreva mais porque é muito bom chegar aqui e encontrar os teus fascinates textos...
Um feriado maravilhoso prá ti.
Bárbara
Tomei um tapa no final.
uhasiuhaushiuau
Téééééééééó
Quanto tempo!
:*
Postar um comentário